sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

As avós - Doris Lessing


Ontem chegou (mais uma) caixa do Submarino aqui em casa. Na verdade, o objetivo inicial da compra eram os dois volumes de Coisas Frágeis, do Neil Gaiman, graças aos constantes arroubos apaixonados da Patrícia Pirota. Por dezenove caraminhguás, decidi levar. Depois de arrematar os meus, fiquei navegando pela loja (olha o trocadilho infame aí, gente...), afinal quem é que compra um livrinho só, não é? E, dentre outros títulos, deparei-me com As avós, de Doris Lessing. O livro é da Companhia das Letras, de uma coleção de autores que venceram o Nobel. Acho a capa, embora simples, um encanto e gosto muito do tamanho e da disposição das letras nas páginas.
Meu primeiro contato com a história havia sido por volta de 2008/2009, num passeio despretensioso pela livraria; comprei-o pelo selinho do Nobel na capa, confesso, mas meu exemplar já não estava mais comigo por obra de algum bendito empréstimo (aliás, tenho jurado a mim mesma nunca mais emprestar livros, pois eles não voltam). Também custava dezenove realidades no Submarino e lá foi para meu carrinho.
O que dizer sobre a obra? Primeiro que comecei a leitura dele, mesmo com outro livro por terminar e desejando loucamente começar os contos de Gaiman, às duas da manhã de ontem (hoje?) e só larguei às quatro, quando sorvi, desesperadamente, a última página.
Não quero colocar aqui a sinopse que está no próprio site do Submarino (nem quero que você vá ler, por favor...), pois ela conta detalhes que eu não gostaria de saber antes da leitura. Por isso, antes de dizer minhas impressões (nossa, Ana Paula, quem você está pensando que é, hein?), vou copiar o texto da própria orelha do livro:

Ao premiar Doris Lessing com o Prêmio Nobel de Literatura 2007, a Academia Sueca a definiu como uma 'narradora épica da experiência feminina, que, com ceticismo, ardor e força visionária, colocou sob escrutínio uma civilização dividida.' São palavras que (…) poderiam também resumir, em parte, a trama concisa de As avós.
O termo 'épico' tem aqui uma conotação mais comedida, centrada menos em aventuras mirabolantes que nas ressonâncias íntimas da vida das amigas Roz e Lil – da infância ao início da velhice, passando pela relação com maridos, filhos, noras e netas. Mas há peripécias e reviravoltas suficientes nesse caminho: da aparente tranquilidade inicial, situada num balneário paradisíaco frequentado por ricos, até a cena derradeira, quando um segredo terrível do passado vem a público, As avós é uma longa jornada de confronto das protagonistas com as convenções familiares e sociais de sua época.
Para Doris Lessing, essa talvez seja uma das faces inevitáveis da 'experiência feminina' no mundo moderno. Sua 'civilização dividida' nasce também de uma questão de gênero: mesmo num ambiente liberal como o descrito nesta novela, é às mulheres que cabe iniciar, conduzir e dar fim aos atos que ameaçam a ordem estabelecida. Na visão dessas personagens subversivas,que em alguns momentos se torna também a visão do leitor, temas como a amizade, a sexualidade e a maternidade ganham novos contornos, num efeito ambíguo e desconcertante, típico da grande literatura.”

Sinceramente, só ao escrever o texto acima já me dá vontade de correr novamente pra leitura do romance/novela. É daqueles livros para se ler numa única sentada, pois, além de ser curto (97 páginas), ele te segura preso na cadeira e só te solta quando acaba, para te deixar com aquela sensação de abandono de que só os bons livros são capazes. Mas não pense você que ele foi mesmo embora. Ele vai voltar nos seus pensamentos de maneira recorrente, quando estiver tomando banho, preparando o jantar ou conversando com alguém. É como uma pequena pedra escondida no sapato, que vai continuar incomodando, mas da qual, por mais estranho que possa parecer, você não vai querer se livrar.
O enredo nada mais é do que uma história de amor: do amor entre as duas amigas, do amor materno, do amor próprio e (principalmente) da sexualidade. E, embora pudesse ser inverossímil, as personagens estão tão bem construídas e o texto é de uma sutileza tão grande que, quando percebemos, já estamos despidos de qualquer preconceito e torcendo pelas – tantas – histórias de amor.
O narrador é outro fator que me encanta, pois, apesar de tratar de um tema e de uma narrativa que, certamente, chocam a sociedade em que vivemos, ele não realiza qualquer julgamento moral; deixa que nós, leitores, tomemos a decisão e escolhamos o que, de verdade, é capaz de nos afetar e qual o tamanho do nosso preconceito.
Além disso, o romance/novela nos permite pensar em tantos outros assuntos que chegamos a ficar tontos: como nossos atos geram consequências em nossas vidas e nas outras pessoas? O que é, afinal, o amor? Qual o verdadeiro significado da amizade? Qual o papel e a visão da mulher na sociedade?
Enfim, mais também não falo, caso contrário estragaria sua leitura, uma vez que a obra é daquelas em que, quanto menos se souber, melhor. Apenas digo que indico o livro de olhos fechados (e pensamentos fervilhando).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Livros que marcaram meu 2011

Olá,
Tudo bem por aí?
Bom, estava eu fazendo minhas leituras diárias de blogs, quando me deparei com o Ler e Amar, da Aliny. Além de ter lido alguns dos seus posts anteriores, resolvi fazer a lista que ela sugere (imagine se eu sou inconveniente...) das melhores leituras do ano que acabou de acabar.
Confesso que foi difícil escolher, pois em 2011 eu sijoguei nos livros e tive a felicidade de ler textos excelentes. Mas, fui forte, corajosa e destemida e acabei escolhendo três das melhores leituras que realizei. Só gostaria de lembrar que os títulos estão em ordem aleatória de preferência, tá? (Coloquei em ordem alfabética porque meu lado Sheldon não me permite escrever de outra forma...).

O evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago: Ganhei este livro do marido há uns três nos, mas ainda não havia tido coragem tempo de ler. Preciso mesmo comentar algo? Saramago sempre brinca com minha mente e me faz terminar a leitura transformada. Maravilhoso!

O grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald: Depois de assistir (3 vezes) ao belíssimo Meia Noite em Paris, fiquei me perguntando como ainda não tinha lido nada do rapazote. Comecei por esse livro e gostei muitíssimo (gente, eu sou viciada em superlativos, desculpem...). Agora quero muito ler outras obras do autor.

Pequena Abelha - Chris Cleave: Essa leitura incrível eu preciso agradecer à Juliana, d' O batom de Clarice. Depois que vi o vídeo dela falando maravilhas sobre ele, corri na Saraiva e comprei. Comecei a ler numa quinta-feira às 19:00 e terminei na sexta-feira às 10:00. O que posso dizer? Lindo, sensível e de uma poesia que há tempos não lia. Ainda estou encantada!

Quero adicionar apenas uma informação que eu acho importante sobre mim: todos os anos eu releio alguns livros; quer seja por necessidade (professor de Literatura sofre...), quer seja por desejo. Dentre eles, adoraria citar Dom Casmurro, do meu amadoidolatradosalvesalve Machadão (ai, gente, comecei a chamar assim pra brincar com os alunos e agora estou apegada). Sim, eu leio todo ano e ainda levo minhas crianças ao teatro. Nunca me canso...
Claro que li outras coisas muito boas em 2011 (e umas bem mais ou menos, viu?), mas os livros que citei realmente foram os que mais me encantaram. Também descobri, no ano passado, muitos blogs de literatura, o que alimentou muito minha loucura por livros (e acabou com meu cartão de crédito). Tenho bons pressentimentos de que este ano será ainda mais interessante... #Oremos!



Oi, gentes...

Cá estou eu começando um blog. Por quê? Sei lá, gente, quanta pergunta difícil…
Porque adoro escrever. Porque deu vontade. Porque achei que tudo o que já faço na vida é pouco e resolvi me enrolar um pouco mais. Porque sim.
Antes de tudo, a frase que acompanha e inspira o título desse blog (essa mesma que você voltou pra ler lá no topo da página) é de um grande amor literário que cultivo (eternamente agradecida à Laura que me apresentou): Sr. Caio Fernando Abreu. Imaginem, então, vocês que vão ver muitos e muitos textos desse mocinho, certo?
Mas é só isso, Ana? Claro que não, né? Quanta inocência… Tsc, tsc…
Também sou loucalucinada por Machadão (olha a intimidade!), Fernando Pessoa, Clarice, Nelson Rodrigues (e quem vai me chamar de pornográfica já pode parar, viu?), Saramago, Guimarães… e por tanta gente tão melhor de boa quanto.
Ah, que bacana, então este é um blog sobre Literatura? Gente, comassim? Acharam mesmo que nesse cérebro (?) loiro ia caber só isso? Jamais… Este é um espaço sobre toda e qualquer coisa que resolver tripudiar com minha cabeça, que decidir tomar meus pensamentos. Qualquer coisa sobre a qual eu tenha vontade de escrever, porque preciso muito escrever e fiquei com vergonha de fazer um diário de papel (coisa tão linda da minha adolescência) E tenho dito…
Então, se eu quiser falar de livros, vou falar. Se for de filmes (outro amor sem fim), idem. Se decidir desabafar sobre ‘a dor e a delícia’ de ser professora, vou lamuriar (e agradecer) quando tiver vontade. E se tiver vontade de falar das minhas deliciosas futilidades (como moda, maquiagem, fotografia, coisinhas de menina), nem venham me crucificar, ok? Este espaço é meu, poxa!
Não vivo dele e nem pretendo, porque meus alunos já me dão trabalho demais e sempre tenho tanta coisa pra corrigir. Além disso, tenho mãe, pai, marido, vida social e ainda preciso arrumar um tempo pra ler, tomar banho e comer, né?
Isto aqui é um lugar pra eu poder exercitar minha doce liberdade, principalmente a de espressão…